Várias
associações e movimentos anti racismo convocam uma grande marcha em
Paris dia 30 de novembro. Uma iniciativa que intervém num contexto
de multiplicação dos ataques e declarações racistas na França.
"Parem, Já chega!".
Com esse grito, as organizações sindicais, associativas e
partidárias
francesas querem mostrar a sua oposição ao clima de racismo
crescente no território
francês. A decisão de fazer uma marcha foi tomada na última
quinta-feira para mostrar a reação da sociedade civil contra os
ataques que sofreu a Ministra da Justiça, Christine Taubira. A
Ministra, negra, foi o alvo de protestos, xingamentos e matérias
racistas durante as últimas
semanas.
Em Angers, (região oeste a 300km de Paris)
enquanto visitava um tribunal, a ministra foi injuriada por um
grupo de oponentes ao casamento gay, medida para a qual Christiane
Taubira foi a principal defensora. No grupo, uma menina de apenas 10
anos, ergueu uma banana e gritou : "Para quem é a
banana ? é para a macaca!" Dias depois, uma
candidata nas eleições municipais da Frente Nacional, partido de
extrema direita, que publicou uma fotografia no seu perfil facebook
comparando Christine Taubira a um chimpanzé. Mais recentemente, uma
revista semanal de extrema direita, Minute, fez da Ministra a sua
matéria de capa cujo título
fazia claramente referência a comparação entre a política
e os primatas.
Ministra Taubira: Com 18 meses/Agora. Foto: Internet
Segundo Thomas Guénolé,
cientista político, a
explicação destes ataques é simples : "Christiane
Taubira é alvo porque ela é negra e é a favor do casamento gay.
Estes dois elementos explicam o ódio
que tem as duas famílias da
extrema direita francesa, a extremista e a tradicionalista". Organizando esta marcha, as associações querem "denunciar
não somente estes xingamentos como toda a onda de racismo na
França", explica Vincent Reberioux, presidente da Liga dos
Direitos Humanos.
Esta marcha no faz
relembrar a “Marcha para a Igualdade e Contra o Racismo” que
comemora o seu 30° aniversário
este ano. Naquela época, 32 jovens, na maioria árabe,
iniciaram em Marselha uma marcha para denunciar o racismo. Eles
chegaram mais de 100 000 em Paris.
Gauthier Berthélemy