mercredi 4 janvier 2012

França e Turquia, uma relação cada vez mais tensa


Nicolas Sarkozy e Recep Tayyip Erdogan em abril de 2011 em Paris (Stéphane Lemouton)

Dia 22 de dezembro, a câmara dos deputados franceses votou à quase unanimidade um projeto de lei condenando a negação ou a contestação do genocídio armênio, não reconhecido pela Turquia, num ambiente tenso. Pois, este voto provocou imediatamente uma reação violenta das autoridades turcas que ameaçaram a França de vingança econômica, diplomática e cultural. O texto de lei deve ser ainda aprovado pelo Senado no final do mês e a intimidação entre os dois países acentua-se.

Desde 2001, a França reconhece dois genocídios. O primeiro, a Shoah, organizada pelos nazistas, provocou a morte de milhões de judeus durante os anos da Segunda Guerra mundial. O segundo é o genocídio armênio, cometido pelo Império Otomano, antigo regime turco, em 1915, no qual morreram entre 500 mil, segundo Ankara que reconhece essas mortes, mas recusa a caracterização genocida dos massacres, e 1,5 milhões Armênios, segundo os pesquisadores. Mas, até agora, só a negação do primeiro era punida pela lei.

De fato, a deputada Valérie Boyer, da UMP (União para um Movimento Popular, partido de direita do atual presidente Nicolas Sarkozy), elaborou e submeteu um projeto de lei para permitir a penalização da negação do genocídio armênio. Se o texto passar no Senado, cada pessoa por em questão a existência do genocídio armênio arriscará um ano de prisão e uma multa 45 000 euros. Se a classe politica francesa concorda à quase unanimidade com este projeto legislativo, o governo e a sociedade turcos não vêm a proposta do mesmo olhar. 

A 'Assemblée Nationale' (câmara dos deputados franceses) votou a lei condenando a negação do genocidio armênio

Com efeito, Recep Tayyip Erdogan, Primeiro ministro turco, avisou a França de possíveis sanções econômicas, diplomáticas e culturais se o texto for aprovado pelas duas câmaras legislativas francesas. O embaixador turco em Paris, Tashin Burcuoglu, já voltou em Ankara para receber as ordens do seu governo e está atualmente na capital francesa para tentar convencer os senadores franceses de não ratificar esta lei. Atualmente, seu homologo francês é persona non grata no território turco.  


Segundo o governo turco, a proposta da direita francesa só tem como objetivo conseguir os votos da comunidade armênia na França, cujo número deve atingir quase 500 mil pessoas no território nacional. Com efeito, durante a campanha eleitoral à Presidência em 2007, Nicolas Sarkozy tinha feito da penalização da negação do genocídio armênio e da recusa da entrada da Turquia na União Europeia algumas das suas propostas mais fortes. Além disso, deve ser lembrado que a maioria dos Armênios da França permanece na região de Marselha, região da deputada que criou a lei.

O governo turco afirmou também não ter ordens a receber de um país como a França, evocando a repressão dos movimentos de independência na Argélia, antiga colônia francesa, entre os anos 1940 e 1960. Erdogan até falou de “genocídio” para qualificar a ação das forças armadas francesas na Argélia e indicou o nome do pai de Nicolas Sarkozy, militar nesta antiga região francesa nos anos da Segunda Guerra mundial, que, segundo o Primeiro ministro turco, “deve ter um monte de coisas a explicar a seu filho sobre os massacres cometidos pelos Franceses na Argelia”. Ele fez também a proposta de investigar em todas as antigas colônias francesas na África sobre a repressão ordenada pelo Hexágono contra as populações então sob dominação francesa.


Manifestação da comunidade turca contra a lei na frente da Assembleia Nacional em Paris (AFP/Martin Bureau)
  

Apos a adoção da lei pelos deputados franceses, Erdogan anunciou uma primeira série de sanções contra a França. Por exemplo, as visitas bilaterais serão suspendidas, o Fórum comercial franco-turco previsto em janeiro foi cancelado e os aviões militares franceses deverão agora pedir autorização para voar em cima do solo turco. O primeiro ministro turco avisou também que outras medidas serão aplicadas se o voto do Senado francês for favorável à lei contestada por Ankara.

Mas as sanções não só têm origem governamental. Com efeito, a sociedade turca também decidiu castigar a França. Restaurantes estão recusando o uso de produtos franceses e associações colam cartazes chamando ao boicote deles. Até o prefeito da capital Ankara cancelou a compra de mais de cem carros elétricos da marca Renault e o chefe da polícia nacional turca decidiu quebrar o contrato de equipamento concluído há alguns anos com a marca Peugeot. 

E, sem dúvida, estas iniciativas individuais poderiam ter mais impacto sobre a economia e a política francesa do que as medidas governamentais. Hoje em dia, o comércio entre os dois países gera mais de 12 bilhões euros e mil empresas francesas têm instalações na Turquia. 

Gauthier Berthélémy

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